Nos artigos anteriores vimos que a ansiedade é um sentimento humano útil e faz parte da vida. Nos ajuda a antecipar o futuro e a nos preparar a ele. Ajuda a evitar problemas que ainda não aconteceram e nos impulsiona às mudanças que ocorrem em nossa vida. Todos nós a vivenciamos vez por outra.

Contudo, às vezes a ansiedade provoca sofrimento ou prejuízos, paralisa nossas ações, bloqueia nosso pensamento e nos faz estagnar na vida. Nessas condições a ansiedade precisa ser tratada.

COMO SABER SE A ANSIEDADE PRECISA DE CUIDADOS?

É possível saber quando a ansiedade precisa ser tratada quando:

1. A ansiedade ocorre sem causa aparente

Vez por outra temos motivos para viver a ansiedade. Isso ocorre quando enfrentamos um perigo real ou imaginário frente às diferentes situações naturais vida como nascimento de filhos, desemprego, ficar doente ou enfrentar doença na família, um relacionamento afetivo que termina ou uma pessoa querida que falece. Mas se o sentimento ocorre com muita frequência e sem motivo psicológico que o justifique você precisa avaliar que fatores estão favorecendo o surgimento deste sentimento.

Você sabia que nestes casos, o seu corpo ou seus hábitos de vida podem estar determinando a sua ansiedade?

Quando o corpo determina a ansiedade

Do ponto de vista biológico, desequilíbrio na química do seu corpo pode provocar ansiedade. Algumas doenças muito comuns podem provocar essa mudança química, como a diabete e a pressão sangüinea arterial alta (hipertensão) ou baixa (hipotensão), dentre outras.

A partir de uma avaliação clínica e um exame de sangue (hemograma, eletrólitos, glicemia, ureia, creatinina) um médico poderá avaliar o bom funcionamento do fígado, rins e coração e determinar se a sua ansiedade advém de algum motivo biológico. Também poderá avaliar se a sua ansiedade decorre do efeito colateral de remédios que você possa estar usando.

Quando seus hábitos  determinam a ansiedade

Sua alimentação também pode ter a ver com isso. Está comprovado que cafeína e comida temperada com glutamato monossódico (molhos shoyu, temperos industrializados tipo Ajinomoto, Knorr, Sazón ou Miojo) podem disparar a ansiedade.

A carência nutricional por falta de consumo de verduras, legumes e frutas ou por falta de diversificação de alimentos também provocam alterações químicas no corpo, como por exemplo a hipocalcemia (falta de cálcio) ou a a hipocalemia/hipercalemia (falta ou excesso de potássio) que também podem provocar a ansiedade. Por isso uma avaliação e orientação nutricional realizada por nutricionista pode ser importante.

Hábitos sociais também podem indiretamente favorecer a ocorrência da ansiedade. É em ocasiões sociais que muitas pessoas sentem-se motivadas a consumir bebidas alcoólicas, fumo (tabaco) e drogas como maconha, cocaína ou crack. A questão aqui não é a reunião social, mas o o uso dessas substâncias que algumas reuniões sociais proporcionam. Drogas psicotrópicas podem trazer prazer mas também consequências. E uma delas pode ser a ansiedade sem causa aparente.

Outro hábito social que está se estabelecendo em grandes cidades é o hábito de dormir pouco. Por conta de trabalho, estudos ou mesmo entretenimento muitas pessoas adquiriram o hábito de dormir pouco. Como o sono é um mecanismo de equilíbrio da química do corpo, a falta de sono também pode ser um fator desencadeador de ansiedade.

2. A nossa reação à ansiedade é desproporcional

Uma coisa é viver a ansiedade como ela deve ser sentida. Outra coisa é vivê-la com sofrimento. Por exemplo, sentir  ansiedade quando ficamos desempregados é uma coisa. Outra coisa é entrar em pânico por isso. Entrar em pânico é desproporcional. Uma coisa é sentirmos medo de falar em público porque estamos ansiosos. Outra coisa é ficar paralisado e não conseguir falar. Não conseguir falar é desproporcional.

Se a sua reação ao sentimento é desproporcional (e portanto, lhe traz sofrimento de grande intensidade e prejuízos) é preciso aprender a lidar com o sentimento de uma forma diferente, de uma maneira que saibamos como tolerar as exigências da vida.

3. A ansiedade é persistente ou nos acomete com muita frequência

A ansiedade é um sentimento de adaptação. Assim que nos adaptamos às mudanças, o sentimento se vai. Mas se a ansiedade “não passa” depois de um tempo isso é sinal que não estamos conseguindo nos adaptar emocionalmente às exigências da vida. Por consequência temos uma ansiedade duradoura ou que surge com muita frequência.

4. A ansiedade interfere no nosso comportamento de maneira negativa

Se a ansiedade atrapalha a vida cotidiana interferindo nas relações afetivas, na vida profissional, nos estudos ou na vida social, é sinal que este sentimento está trazendo um impacto negativo e portanto, precisa ser cuidado.

5. A ansiedade produz sintomas

Há pessoas que não percebem o impacto da ansiedade como demonstrado nos itens acima demonstrados, mas notam sintomas que podem ser no conjunto, sinais importantes. Isoladamente um ou outro sintoma podem não significar nada. Mas a presença de vários destes sintomas podem significar que sua ansiedade necessita cuidados:

Como vimos, se você está sofrendo com a ansiedade ou este sentimento está trazendo-lhe prejuízos, a Psicologia, a Nutrição e a Medicina poderão lhe ajudar muito. Um psicólogo poderá ajudá-lo tanto a entender os motivos do seu sentimento como das formas de lidar com ele.

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Boa semana!

REFERÊNCIAS:

(1) DEPRESSION and Other Common Mental Disorders Global Health Estimates. WHO (OMS), fev 2017. Disponível em: <http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/254610/1/WHO-MSD-MER-2017.2-eng.pdf?utm_source=WHO+List&utm_campaign=d538ec500c-EMAIL_CAMPAIGN_2016_12_14&utm_medium=email&utm_term=0_823e9e35c1-d538ec500c-&utm_source=WHO+List&utm_campaign=d538ec500c-EMAIL_CAMPAIGN_2016_12_14&utm_medium=email&utm_term=0_823e9e35c1-d538ec500c-260570285>. Acesso em: 22 jan 2018.

(2) BOTEGA, Neury José (Org). Prática psiquiátrica no hospital geral. Editora Artmed : São Paulo, 2002

(3) JAMIL, Chade; PALHARES, Isabela. Brasil tem maior taxa de transtorno de ansiedade do mundo, diz OMS. Estadão, 23 fev 2017. Disponível em: <http://saude.estadao.com.br/noticias/geral,brasil-tem-maior-taxa-de-transtorno-de-ansiedade-do-mundo-diz-oms,70001677247>. Acesso em: 22 jan 2018

(4) DEPRESSÃO cresce no mundo, segundo OMS; Brasil tem maior prevalência da América Latina. G1, 23 fev 2017. Disponível em: <https://g1.globo.com/bemestar/noticia/depressao-cresce-no-mundo-segundo-oms-brasil-tem-maior-prevalencia-da-america-latina.ghtml> . Acesso em: 22 jan 2018

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