A ansiedade é um sentimento humano incrível. Nos ajuda a “antecipar” o futuro e a nos preparar para ele. No passado, a ansiedade ajudou a humanidade a explorar terras desconhecidas à procura de alimento e a criar conhecimento que nos ajudasse com os problemas da vida e viver melhor. É um sentimento que nos é útil e até necessário. É portanto uma vivência inevitável. Por isso, o problema não é a ocorrência com a ansiedade em si, mas a forma com que lidamos com ela – principalmente no contexto de trabalho e de carreira profissional.

A ansiedade no contexto da carreira profissional

Em termos de carreira profissional a ansiedade será vivenciada sempre que tivermos obrigações de responsabilidade, metas e prazos para cumprir. E como 100% das nossas atividades de trabalho – de maneira direta ou indireta – envolvem essas obrigações – não é exagero afirmar que no trabalho experimentamos a ansiedade todos os dias.

Liderados e líderes experienciam ansiedade no contexto de trabalho. Mas os motivos pelos quais essa ansiedade é vivida podem ser diferentes.

Ansiedade vivenciada pelos liderados

Liderados são cobrados por produtividade, execução rápida e perfeita de procedimentos de trabalho operacional, cumprimento de jornadas horárias e necessidade de dar conta de grande carga de trabalho. Também precisam adaptar-se ao estilo de gestão de seus líderes e adequar-se ao seu modo de trabalho.

Ansiedade vivenciada pelos líderes

Por outro lado, líderes são cobrados pelo resultado do trabalho da sua equipe. Deles se requer o atingimento de metas e o seguimento de procedimentos. Mas geralmente não são os procedimentos que trazem ansiedade para um líder ou gestor. São a gestão de pessoas e a obrigação de controlá-las, a pressão para o atingimento das metas, a necessidade de ter que trabalhar com prazos curtos e os riscos de negócio (1).

O enfrentamento da ansiedade no contexto de trabalho

Partindo-se do pressuposto de que não há como evitar a ocorrência da ansiedade no contexto de trabalho uma das abordagens possíveis para o seu enfrentamento consiste em desenvolver ou fortalecer habilidades pessoais de organização do trabalho e planejamento do tempo, de assertividade e de realização de atividades profissionais que promovam satisfação no trabalho.

A literatura científica (2) comprova que satisfação e sobrecarga de trabalho são inversamente proporcionais. Isso significa que quando a sobrecarga de trabalho é alta a satisfação no trabalho é baixa e vice-versa. Logo, qualquer estratégia ou intervenção que venha a reduzir ou eliminar a sobrecarga de trabalho aumentará a satisfação no trabalho.  Como a literatura científica (3) também evidencia que há correlação inversamente proporcional entre satisfação e ansiedade, estratégias que aumentam a satisfação tendem a fazer diminuir a ansiedade.

Daí a importância do desenvolvimento das habilidades de organização do trabalho e planejamento do tempo: essa habilidade torna o trabalho mais eficiente e por consequência, permite que mais trabalho seja feito em menos tempo. Isso  diminui a carga do trabalho e reduz a ansiedade.

A segunda estratégia para o enfrentamento da ansiedade é o desenvolvimento da habilidade da assertividade. Esta é uma habilidade social porque caracteriza-se para capacidade da pessoa comunicar aos outros – no caso, seus colegas de trabalho e chefias – exatamente aquilo que legitimamente sente ou deseja falar, de tal maneira que eles não se sintam ofendidos ou ameaçados.

No contexto de trabalho isso significa saber dizer não e saber explicar o motivos deste não. A habilidade da assertividade permite que o profissional saiba “dizer não” a interrupções feitas por colegas de trabalho com o pretexto de pedir ajuda. Também permite que o profissional “diga não” à sobrecarga de trabalho quando consegue negociar volume de tarefas e prazos com sua chefia. E se o profissional é um líder, a habilidade da assertividade o ajudará a influenciar de maneira positiva e honesta os seus subordinados, ajudando-o a atuar melhor nas situações de negociação e de solução de conflitos que fazem parte da responsabilidade de gestão de pessoas.

E a terceira estratégia para o enfrentamento da ansiedade no contexto organizacional é a realização de atividades profissionais que promovem satisfação no trabalho. Em toda atividade profissional há aquelas atividades que não gostamos de fazer e há aquelas que gostamos e que nos trazem maior satisfação. Com o aumento da eficiência no trabalho obtida pela organização do trabalho e do tempo, sobra mais tempo para dedicação àquelas atividades que gostamos mais ou que nos promovem maior satisfação. Por consequência, diminui-se também a ansiedade.

Essas três habilidades, em conjunto, também trazem um benefício adicional: fortalecem o controle que o profissional tem de sua atividade de trabalho. Com isso, trabalha com ainda mais segurança e ainda menos ansiedade.

Muitas pessoas sabem que Psicólogos ajudam pessoas a lidar com ansiedade e insegurança. Mas poucas sabem que o trabalho do Psicólogo pode ajudar profissionais a desenvolver as habilidades que apresentamos aqui! Por isso, caso você deseje desenvolver essas habilidades para performar melhor no desenvolvimento da sua atividade profissional e da sua carreira, estamos à sua disposição. A Psicologia pode lhe ajudar.

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REFERÊNCIAS:

(1) HERNANDEZ ESTRADA, Anaisel; DIAZ ROJAS, Amelis. Indicadores de vulnerabilidad al estrés en directivos y su relación con factores de estrés organizacional. Rev Ciencias Médicas,  Pinar del Río ,  v. 16, n. 3, p. 181-194, jun.  2012

(2) FERREIRA, Aldo Pacheco. Impacto do trabalho no serviço de saúde mental. Rev Brasileira de Medicina do Trabalho, São Paulo, v. 13(2), p. 91-9. 2015

(3) SIMÕES, Bruno Miguel Neves. Ansiedade, satisfação e bem-estar em finalistas e profissionais de psicologia em início de carreira. [Dissertação de Mestrado]. Universidade dos Açores, Ponta Delgada. 2013

(4) SILVEIRA, Andréa Luiza da. A relação entre a organização do trabalho e a ansiedade identificada através da análise ergonômica do trabalho. Revista Psicologia Argumento, Curitiba, v. 24, n. 44,  p. 17-25, jan./mar. 2006